Endotoxinas e doenças alérgicas

Endotoxinas e doenças alérgicas

Cinara R. Braga, Maria Cândida V. Rizzo, Charles K Naspitz, Dirceu Solé

Introdução

O papel das bactérias na alergia à poeira do-méstica é pouco entendido. Trabalhos prelimina-res sugerem que as bactérias sejam componentes imunotóxicos da poeira doméstica, sendo consi-deradas potencialmente alergênicas1-3.

As bactérias gram-negativas (BGN) apresen-tam três membranas que formam o envelope celu-lar, sendo uma membrana externa complexa, uma camada intermediária, fina, de peptideoglicano e uma membrana citoplasmática interna4.

O princípio ativo participante da indução dos efeitos tóxicos das BGN reside no envelope celu-lar e é denominado endotoxina (ET), termo esse introduzido no século XIX para descrever os componentes das BGN. As ET são substâncias termoestáveis, constituintes da membrana externa das BGN, presentes na poeira orgânica e nas cavi-dades nasais e oral dos homens5. As ET estão pre-sentes nas paredes celulares de bactérias ou como lipopolissacarídeos livres, como por exemplo: na poeira doméstica, na água de torneira da maioria das cidades (0,04-1,0 mg/ml)6, e no leite produzi-do comercialmente (30 a 130 mg/ml)7. As ET são liberadas para o exterior de modo constante, em decorrência de processo lítico da bactéria.

Quimicamente, as ET são lipopolissacarídeos (LPS) constituídos por um heteropolissacarídeo hidrofílico (núcleo e cadeia O específica) cova-lentemente ligados à porção lipídica hidrofóbica, chamada de lipídeo A, que ancora a molécula à parte externa da membrana8 (figura 1).

Embora os termos ET e LPS sejam empregados como sinônimos, na poeira encontram-se as ET ligadas à parede celular ou fragmentos bacteria-nos, enquanto os LPS são as ET altamente purifi-cadas9.

Os membros da família das enterobactérias (Escherichia sp e Salmonella sp) expressam hete-ropolissacarídeo composto por um núcleo oligos-sacarídeo ligado a um polímero de oligossacarí-deo, denominado antígeno ou cadeia O10. Cada sorotipo, entre os grupos de BGN, é caracterizado por uma única estrutura de cadeia O e a variação dos polissacarídeos que a compõem é que dá a es-pecificidade antigênica das espécies de BGN11. O lipídeo A é comum a todas as BGN e conecta as cadeias polissacarídicas, sendo responsável pela toxicidade dos LPS12,13.

Os LPS interagem diretamente com células de defesa, particularmente aquelas de origem mono-cítica; são um ativador potente de macrófagos e induzem a síntese de mediadores inflamatórios. Entre esses encontram-se os derivados lipídicos do ácido araquidônico (mais notadamente o fator ativador de plaquetas), de fator de necrose tumo-ral alfa (TNF-a)14-16; interleucina (IL)-117,18; IL-6 e IL-819. A ligação do lipídeo A ao receptor de superfície do macrófago leva à produção de radi-cais tóxicos de oxigênio19, óxido nítrico20,21 e en-zimas hidrolíticas22.

Os LPS ligam-se a receptores de membrana de especificidade variável, contidos nos monócitos circulantes e nos macrófagos teciduais. Alguns receptores têm sido caracterizados:

a) Receptor tipo lecitina ligante dos LPS por sua parte glicânica23, cujo mecanismo de sinalização intracelular não está descrito até o momento;

b) Os receptores “scavenger”, descobertos por Brown & Goldstein em 197924; os meca-nismos que regulam a expressão desses re-ceptores estão sendo investigados. Os lo-cais de maior expressão desses receptores são os macrófagos teciduais; dividem-se em tipo I e tipo II25, sendo ambos detecta-dos em macrófagos “in vivo” e “in vitro”, contribuindo na remoção das ET do siste-ma circulatório (no fígado pelas células en-doteliais sinusoidais e células de Kupfer)26.

c) Receptor de 73kDa de fraca afinidade pe-los LPS, localizado na membrana dos mo-nócitos, linfócitos, neutrófilos e plaque-tas27;

d) Complexo CD11/CD18 (ß2 integrinas) que interage com a porção lipídica dos LPS, potencializando sua degradação28,29;

e) CD14 que representa o principal receptor dos LPS; é constituído por uma proteína de membrana (glicosilfosfatidilinositol) pre-sente em macrófagos, monócitos e, em me-nor quantidade, em neutrófilos ativados30. Tem a função de receptor celular para com-plexos de proteínas ligantes de LPS (LBP-LPS)31 induzindo a produção de citoci-nas32,33.

Recentemente, foi descrita uma nova função para o CD14, atuando como um regulador da ati-vidade das células T. Antígenos bacterianos po-dem favorecer o desenvolvimento de células Th1 a partir de células T CD4+, por uma via depen-dente de CD1434, em uma fase precoce da vida.

O CD14 também circula como proteína solúvel (sCD14)35. Complexos de sCD14 podem ativar diretamente células que não expressam o CD14 na sua superfície36, incluindo células endoteliais37 e epiteliais38.

Os LPS presentes na corrente sangüínea ligam–se rapidamente a proteínas séricas, chamadas de LBP (proteínas ligantes de LPS), identificadas primeira
mente por Skarnes em 196839. A LBP é uma proteína plasmática de 60 kDa que se liga com alta afinidade ao lipídeo A dos LPS40. É pro-duzida no fígado42 e aumenta a resposta inflama-tória dos LPS43. O complexo LPS-LBP liga-se à superfície da célula que expressa o CD14. O com-plexo LPS-LBP aumenta a capacidade de ligação dos LPS às células, bem como a ativação de ma-crófagos e neutrófilos, mesmo com baixas con-centrações de LPS40,42. Sob condições de normali-dade, pequenas quantidades de LBP estão presen-tes dentro do compartimento alveolar42. O plasma humano, normalmente contém cerca de 6 mg CD14 solúvel/ml e 5-10 mg LBP/ml43.

A inalação de 20mg de LPS induz, após 45 mi-nutos, uma diminuição do volume expiratório for-çado no primeiro segundo (VEF1), de forma mo-derada mas significante, sendo este efeito mais prolongado em asmáticos do que em indivíduos normais9,44,45. O LPS inalado induz também uma resposta inflamatória sistêmica, com aumento de TNF-a, leucocitose e neutrofilia46. Os LPS pro-longam a sobrevida dos eosinófilos em indivíduos asmáticos, por aumentar a produção do fator esti-mulador de colônias de granulócitos e macrófa-gos pelas células mononucleares do sangue peri-férico47.

A resposta brônquica obstrutiva significante após inalação de LPS está associada a um aumen-to da hiper-reatividade brônquica não específica, que se normaliza em um período de 24 a 48 horas e se restabelece completamente após sete dias46,48.

Estudos recentes, em pacientes sensibilizados aos ácaros da poeira doméstica e expostos a ní-veis elevados de alérgenos, mostram que as con-centrações de ET na poeira doméstica são um de-terminante importante da intensidade clínica da asma48-51.


Em estudo recente de provocação nasal especí-fica com Dermatophagoides pteronyssinus, ob-servamos positividade em concentrações menores quando a instilação foi realizada em associação ao LPS52.

O ambiente doméstico, dependendo do controle ambiental, pode facilitar a multiplicação de áca-ros domésticos, assim como de fungos, de bacté-rias e seus produtos. Esses dados levam à hipóte-se de que os fatores alérgicos não seriam o único fator causal de crises asmáticas, mas atuariam em associação a outros estímulos inespecíficos. Esses achados sugerem a habilidade da ET na potencia-lização da resposta inflamatória como um impor-tante fator na manutenção do processo crônico das vias aéreas.

Referências bibliográficas

1. Horak B, Dutkibwicz J, Solarz K. Microflora and acarofauna of bed dust from homes in Upper Sile-sia, Poland. Ann Allergy Asthma Immunol. 1996; 76:41-50.

2. Dutkiewicz J. Exposure to dust-borne bacteria in agriculture. I Environmental studies. II Immuno-logic survey. Arch Environ Health. 1978;33:250-70.

3. Rylander R. The role of endotoxin for reactions after exposure to cotton dust. Am J Ind Med. 1987;12:687-97.

4. Lugtenberg B, Van Alphen I. Molecular archite-ture and functioning of the outer membrane of Escherichia coli and other gram-negative bacteria. Biochem Biophys Acta. 1983;735:51-115.

5. Peterson CM, Eichenfield LF. Scabies. Pediatr Ann. 1996;25:97-100.

6. Rylander R, Haglind P. Airborne endotoxins and humidifier disease. Clin Allergy. 1984;14:109-12.

7. Di Luzio NR, Friedmann TJ. Bacterial endotoxins in the environment. Nature. 1973;244:49-51.

8. Schormm AB, Brandenburg K, Loppnow H, Zäh-ringer U, Rietschel ET, Carrol SF, et al. The char-ge of endotoxin molecules influences their confor-mation and IL-6-inducing capacity. J Immunol. 1998;161:5464-71.

9. Rylander R, Bake B, Fischer JJ, Helander IM. Pulmonary function and symptoms after inhala-tion of endotoxin. Am Rev Respir Dis. 1989;140: 981-6.

10. Mayeux PR. Pathobiology of lipopolysaccharide. J Toxicol Environm Health. 1997;51:415-53.

11. Fink MP, Heard SO. Laboratory models of sepsis and septic shock. J Surg Res. 1990;49:186-90.

12. Rietchel ET, Brade H, Brade L, Brandenburg K, Schade U, Seydel U, et al. Lipid A, the endotoxin center of bacterial lipopolysaccharides: relation of chemical structure to biological activity. Prog Clin Biol Res. 1987;231:25-30.

13. Brade L, Brandenburg K, Kuhn HM, Kusumoto S, Macher I, Rietschel E, et al. The immunogenicity and antigenicity of lipid A are influenced by its physicochemical state and environment. Infect Immun. 1987;55:2636-44.

14. Carswell EA, Old JJ, Kassel RL, Green S, Fiore R, Williamson B. The cell and endotoxins. Proc Natl Acad Sci. 1975;3666-70.

15. Mannel DN, Moore RN, Mergenhasen SE. Endo-toxin-induced tumor cytotoxic factor In Schlessin-ger D (ed) Microbiology, Am Soc Microbiol, Wa-shington. 1980 p.141-3.

16. Luderitz O, Galanos C, Rietschel ET. Endotoxins of gram-negative bacteria. Pharm Ther. 1982;15: 383-42.

17. Rosenstreich DL, Wilton JM. The mechanisms of action of macrophage in the activation of T-lym-phocytes in vitro by antigens and mitogens In Ro-senthal AS (ed) – Proceedings of the 9th Leukocyte Culture Conference, Academic Press, New York. 1975 p113-32.

18. Mizel SB, Oppenheim JJ, Rosentreich DL. Cha-racterization of lymphocyte-activating factor (LAF) produced by a macrophage cell line, p388D1. II. Biochemical characterization of LAF induced by activated T cells and LPS. J Immunol. 1978;120:1504-14.

19. Dentener MA, Von Asmuth EJU, Franco
t GJM, Marra NN, Buurman WA. Antagonistic effects of lipopolysaccharide binding pprotein and bacterici-dal/permeability-increasing protein on lipopoly-saccharide-induced cytokine release by mononu-clear phagocytes. Competition for binding to lip-polysaccharide. J Immunol. 1993;151:4258-65.

20. Pabst MJ, Johnston RB. Increased production of superoxide anion by macrophages exposed in vitro to muramyl dipeptide or lipopolysaccharide. J Exp Med. 1980;151:101-14.

21. Funatogawa K, Matsuura M, Nakano M, Kiso M, Hasegawa A. Relationship of structure and biolo-gical activity of monosaccharide lipid A analogues to induction of nitric oxide production by murine macrophage. Infect Immun. 1991;66:5792-8.

22. Tobias PS, Soldau K, Kline L, Lae JD, Kato K, Martin TP, Ulevicht RJ. Cross-linking of lipopo-lysaccharide (LPS) to CD14 on THP-1 cells me-diated by LPS-binding protein. J Immunol. 1993; 150:3011-7.

23. Haeffner-Cavaillon N, Chaby R, Cavaillon JM, Szabó L. Lipopolysaccharide receptor on rabbit peritoneal macrophages. I Binding characteristics. J Immunol. 1982;128:1950-54.

24. Brown MS, Goldstein JL. Receptor-mediated en-docytosis: insights from the lipoprotein receptor system. Proc Natl Acad Sci USA. 1979;76:3330-7.

25. Krieger M, Herz J. Structurre and functions of multiligand lipoprotein receptors, 1994.

26. Hampton RY, Golenbock DT, Pemman M, Krie-ger M, Raetz CRH. Recognotion and plasma clea-rance of endotoxin by scavenger receptor. Nature. 1991;352:342-55.

27. Morrison DC, Lei MG, Kirikae T, Chen TY. En-dotoxin receptors om mammalian cells. Immuno-biology. 1993;187:212-6.

28. Raetz CRH, Ulevitch RJ, Wright SD, Sibley CH, Ding A, Nathan CF. Gram-negative endotoxin: na extraordinary lipid with profound effects on euka-ryocitic signal transduction. FASEB J. 1991;5: 2655-60.

29. Inngalls RR, Golenbock DT. CD11c/Cd18, a transmembrane signaling receptor for lipopoly-saccharide. J Exp Med. 1995;181:1473-5.

30. Haziot A, Chien S, Ferrero E, Low MG, Silber R, Goyert SM. The monocyte differentiation antigen, CD14, is anchored to the cell membrane by a phosphatidylinositol linkage. J Immunol. 1988; 141:547-52.

31. Wright SD, Ramos RA, Patel M, Miller DS. Sep-ting a factor in plasma that opsonizes lipoppoly-saccharide-bearing particles for recognition by CD14 on phagocytes. J Exp Med. 1992;176:719-27.

32. Wright SD, Ramos RA, Hermanowski-Vsatka A, Rockwell P, Detmers PA. Activation of the adhe-sive capacity of CR3 on neutrophils by endotoxin: dependence on lipopoysacharide binding protein and CD14. J Exp Med. 1991;173:1281-86.

33. Ulevitch RJ. Recognition of bacterial endotoxin by receptor-dependent mechanisms. Adv Immu-nol. 1993;52:267-85.

34. Baldini M, Lohman IC, Halonen M, Erickson RP, Holt PG, Martinez FD. A polymorphism in the 5’flankin region of the CD14 gene is associated with circulation soluble CD14 levels and with total serum immunoglobulin E. Am J Resp Cell Mol Biol. 1999;20:976-83.

35. Bazil V, Horrejsi V, Baudys M, Kristofova H, Strominger JL, Kostka W, et al. Biochemical ca-raacherization of a soluble form of the 53-kDa monocyte surface antigen. Eur J Immunol. 1986; 16:1583-89.

36. Loppnow H, Steelter F, Schonbeck U, Schluter C, Ernest M, Schutt C, et al. Endotoxin activates hu-man vascular smooth muscle cells despite lack of expression of CD14 mRNA or endogenous mem-brane CD14. Infect Immun. 1995;63:1020-30.

37. Goldblum SE, Brann TW, Ding X, Pugin J, To-bias PS. Lipopolysacharide (LPS)-binding protein ans soluble CD14 function as accessory molecule for LPS-induced changes in endothelial barrier function in vitro. J Clin Invest. 1994;93:692-702.

38. Pugin J, Heumann D, Tomasz A, Kravchenko V, Akamatsu Y, Nishijimi M, et al. CD14 is a pattern recognition receptor. Immunity. 1993;1:509-16.

39. Skarnes RC. In vivo interaction of endotoxin with a plasma lipoprotein having esterase activity. J Bact. 1968;95:2031-4.

40. Tobias PS, Soldau K, Ulevitch RJ. Identification of lipid A binding site in the acute phase reactant lipopolysaccharide-binding protein. J Biol. Chem. 1989;264:867-71.

41. Wright SD, Ramos RA, Tobias PS, Ulevitch RJ, Mathison JC. CD14 a receptor for complexess of lipopolysacharide (LPS) and LPS binding protein. Science. 1990;249:1431-3.

42. Schumann RR, Leong SR, Flaggs GW, Gray PW, Wright SD, Mathison JC, et al. Structure and fun-ction of lipopolysacharide binding protein. Scien-ce. 1990;249:1429-34.

43. Tobias PS, Mathison J, Mintz D, Lee JD, Krav-chenko V, Kato K, et al. Participation of lipopoly-saccharide-binding protein in lipopolysacharide-dependent macrophage activation. Am J Resp Cell Mol Biol. 1992;7:1456-66.

44. Vogelzang PFJ, Van der Gulden JWJ, Folgering H, Kolk JJ, Heederik D, Preller L, et al. Endotoxin exposure as a major determinat of lung function decline in pig farmers. Am J Respir Crit Care Med. 1998;157:15-18.

45. Michel O, Ginanni R, Duchateau J, Vertongen F, Le Bom B, Sergysels R. Domestic endotoxin ex-posure and clinical severity of asthma. Clin Exp Allergy. 1991;21:441-48.

46. Michel O, Duchateau J, Sergysels R. Effect of inhaled endotoxin on bronchial reactivity in asth-matic and normal subjects. J Appl Physiol. 1989; 66:1059-64.

47. Saitou M, Kida S, Kaise S, Suzuki S, Ohara M, Kasakawa R. Enhancement of eosinophil survival by lipopolysacharide through releasing granulo-cyte-macrophage colony stimulating factor from mononuclear cells from patients with bronchial asthma. Fukushima J Med Sci. 1997;43:75-85.

48. Michel O. Les endotoxines bacteriennes: un fac-teur pathogene del’ asthme?. Rev Med Brux. 1994;15:17-32.

49. Michel O, Kips J, Duchateau J, Vertongen F, Ro-bert L, Collet H, et al. Severity of asthma is rela-ted to endotoxin in house dust. Am J Crit Care Med. 1996;154:1641-46.

50. Rizzo MCV, Naspitz CK, Fernadez-Caldas E,
Lockey RF, Mimica I, Solé D. Endotoxin exposu-re and symptoms in asthmatic children. Pediatr Allergy Immunol. 1997,;8:121-6.

51. Costa LF, Rizzo MCV, Arruda LK, Kuramoto ACK, Daher S, Naspitz CK. The relationship bet-ween the severity of asthma and levels of endoto-xin and mite allergens in house dust. J Allergy Clin Immunol. 1999;103:S21.

52. Braga CR. Provocação nasal com LPS e LPS as-sociado a alérgenos de ácaros (Dp), em um grupo de crianças com rinite alérgica e em um grupo controle. Universidade Federal de São Paulo-Es-cola Paulista de Medicina (Tese de Mestrado), São Paulo. 2000, pp 163.