Paciente com urticária no pronto-socorro

Quando um paciente procura um pronto-socorro com um quadro de urticária, esta pode ser a manifestação de uma urticária aguda ou de uma exacerbação de um quadro de urticária crônica.

A urticária crônica se caracteriza pela presença de urticas, prurido e área eritematosa pelo corpo por mais de seis semanas e na maioria dos dias da semana. Essas lesões desaparecem em menos de 24 horas, podendo reaparecer em outros locais. O angioedema está presente em mais de 50% das vezes e pode permanecer por até 72 horas.

O angioedema se caracteriza pela presença de edema súbito comprometendo a derme mais profunda e o subcutâneo. Muitas vezes, nesta situação, há uma sensação mais dolorosa do que pruriginosa, não deixando nenhuma lesão residual.

O paciente com urticária e/ou angioedema pode apresentar comprometimento de áreas extensas do corpo, além de mucosas, como lábios, pálpebras e mesmo laringe.

A despeito da causa da urticária e/ou angioedema e seja um quadro agudo ou crônico exacerbado, quando um paciente procura o pronto-socorro, a conduta é utilizar medicamentos para o alívio completo do quadro e em algumas ocasiões, quando há uma causa suspeita, como o uso de um anti-inflamatório não esteroidal, afastar esta causa.

O principal medicamento ou de primeira linha é o anti-histamínico de segunda geração, entretanto, este medicamento não está disponível para uso intramuscular ou intravenoso. Os anti-histamínicos de primeira geração devem ser evitados devido aos efeitos colaterais, como xerostomia, sonolência e taquicardia, porém, alguns destes estão disponíveis na composição injetável, difenidramina e prometazina.

O outro medicamento que com frequência é utilizado no pronto-socorro para controle ou alívio dos sintomas é o corticoide oral ou injetável. Entretanto, o corticoide não é indicado para o tratamento da urticária crônica, pois a doença pode permanecer por um ano, cinco anos ou até mesmo por mais de 20 anos. Outros medicamentos são indicados para o tratamento de urticária crônica e o paciente deve ser encaminhado para um especialista para investigação e acompanhamento.

Portanto devemos lembrar que alguns pacientes com urticária crônica, principalmente aqueles sem acompanhamento médico, exacerbam e procuram o pronto-socorro e, em muitas ocasiões ou na maioria das vezes, os corticoides são prescritos. O uso frequente de corticoide ou o uso contínuo deste medicamento pode levar a diversos efeitos colaterais e, eventualmente, os pacientes podem evoluir para um quadro de urticária crônica de difícil controle. Alguns dos efeitos colaterais do uso frequente de corticoide sistêmico são:

Catarata

Náusea/ vômito/ outras condições gastrointestinais

Distúrbio do sono

Fratura óssea ou osteoporose

Diabetes mellitus tipo 2 e hiperglicemia

Insuficiência adrenal

Hipertensão

Infarto do miocárdio

Lipodistrofia

Hirsutismo

Miopatia

Necrose asséptica de fêmur

Autora:

Dra. Rosana Câmara Agondi – Membro do Deptº. de Urticária da ASBAI