Imunoterapia oral em alergia alimentar é indicada para crianças acima dos sete anos

Cerca de 10% a 20% dos pacientes não toleram o tratamento
#congressoalergia2017

A imunoterapia oral para tratamento de alergia alimentar está entre os temas que serão debatidos no painel sobre “As novidades em Alergia”, a serem apresentadas durante o 44° Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, entre os dias 21 e 24 de outubro.

O tratamento é feito com a ingestão de quantidades crescentes do alimento em questão em pequenos intervalos de tempo. Quanto mais grave a reação relatada, menor a quantidade inicial do alimento.

Cerca de 10% a 20% dos pacientes são incapazes de tolerar a imunoterapia oral pelos efeitos gastrointestinais adversos. O percentual de sucesso é variável com o tipo de alimento, grau de alergia e gravidade do quadro clínico das reações.

A não reatividade ao alimento após sua exclusão por períodos de semanas até seis meses varia entre 13% e 36%, demonstrada por provocações orais repetidas com o alimento causador de alergia.

“Um fato importante é que mesmo com percentuais baixos, a maioria dos pacientes manteve reatividade a limiares mais baixos do que antes do tratamento. Pouco se sabe sobre a eficácia em longo prazo destes tratamentos imunoterápicos. Há o risco potencial de estes pacientes tratados terem reações com lapsos de breve exposição ao alimento. É provável que estes tratamentos tenham que ser mantidos indefinidamente para conservar o estado de proteção”, comenta Dr. Nelson Rosário Filho, Coordenador do Departamento Científico de Imunoterapia e Imunobiológicos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

O tratamento preconizado, até o momento, para as alergias alimentares é a restrição absoluta do alimento responsável da dieta do paciente. Apesar dos muitos estudos nesta área de pesquisa, nenhum tratamento definitivo foi estabelecido até o presente.

Indicação de imunoterapia oral – A alergia à proteína do leite de vaca (APLV), a mais frequente das alergias alimentares, persiste mais provavelmente em doença mediada por IgE e quando há forte sensibilização (níveis mais elevados de IgE ou reações aos testes cutâneos fortemente positivas), múltiplas sensibilizações alimentares e alergia respiratória concomitante (asma e rinite).

A APLV resolve espontaneamente na maioria das crianças. No entanto, para a alergia persistente, a indução da tolerância oral pode ser uma opção de tratamento para alguns casos, em especial, quando há risco de ingestão acidental e ocorrência de reações graves”, conta o especialista.

Em geral, a imunoterapia oral para alergia ao leite persistente é indicada para crianças acima de sete anos de idade, quando muitos já ficaram tolerantes espontaneamente.

“O conceito de indução de tolerância oral segue os mesmos princípios da imunoterapia em outras doenças alérgicas. Teoricamente pode ser feita com qualquer tipo de alimento. Os critérios de exclusão de candidatos a imunoterapia oral seguem as recomendações gerais para imunoterapia. Assim, crianças abaixo de cinco anos, salvo casos especiais, idosos com doenças cardiovasculares, uso concomitante de medicação que agrave reações anafiláticas como certos anti-hipertensivos e betabloqueadores, doenças graves concomitantes, múltiplas sensibilizações etc.”, explica Dr. Nelson.