Pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica 97 – 2003

Pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica 97 – 2003

Pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica: Seguimento de 8 anos
Amal H. Assa’ad, Philip E. Putnam,  Margaret H. Collins, et al.
J Allergy Clin Immunol 2007;119:731-8.

Esofagite eosinofílica (EE) é uma doença cujo diagnóstico está sendo cada vez mais freqüente. Estima-se que entre 8% a 10% dos pacientes pediátricos, com falha na resposta ao tratamento com inibidores de bomba de prótons para doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), apresentam a EE.
Neste estudo, em análise retrospectiva de 89 pacientes pediátricos com esofagite eosinofílica (EE) houve um predomínio do sexo masculino (78,6%), raça branca (94,4%), com média de idade de 6,2 ± 4,8 anos ao diagnóstico e sensibilização atópica a aeroalérgenos (79%) e a alérgenos alimentares (75%). A EE comprometia o esôfago proximal e distal e em 77% dos pacientes a análise histopatológica também evidenciou infiltração eosinofílica e não eosinofílica do estômago, duodeno e cólon. A distribuição dos segmentos afetados foi variável entre os pacientes, bem como a gravidade do comprometimento concomitante do trato gastrointestinal. O curso clínico foi crônico, foram 3 anos de sintomas antes do diagnóstico endoscópico e a média de duração dos sintomas foi de 1 a 3 anos até a resolução, mesmo assim a maioria dos pacientes apresenta recorrência de sintomas e a taxa de recidiva tardia foi de 79%. A conclusão foi de que no seguimento de pacientes pediátricos com EE, deve-se considerar a evolução crônica e recidivante, associação com atopia e o possível comprometimento de outros segmentos do trato gastrointestinal.

Comentários:

Os sintomas de EE frequentemente mimetizam os da DRGE, incluem dificuldade alimentar, déficit pôndero-estatural, vômitos, epigastralgia ou dor torácica, disfagia e impactação do alimento.  Porém há diferenças na histopatologia e na resposta ao tratamento. Como a mucosa esofágica normal é destituída de eosinófilos, foram propostos critérios histopatológicos quanto ao número e a localização dos eosinófilos, desta forma foi estabelecido o ponto de corte de 6 eosinófilos por campo, concentrados na porção distal do esôfago na DRGE. Na EE o achado de ≥ 24 eosinófilos por campo ou ≥ 15 eosinófilos por campo (em pelo menos 2 campos), comprometendo tanto esôfago proximal quanto o distal, além disto na EE há espessamento da mucosa com hiperplasia da camada basal e alargamento papilar. Pacientes com níveis intermediários de eosinófilos (7-20 eosinófilos/campo) representam um desafio diagnóstico, visto que na EE o comprometimento da mucosa é desigual e dependendo do número de pontos biopsiados o nível de eosinófilos infiltrados pode ser variável. Por outro lado em pacientes sob tratamento adequado para DRGE, o achado de número elevado de eosinófilos na mucosa deve levantar a suspeita de EE. Os achados radiográficos e endoscópicos incluem estreitamentos, ulcerações, placas esbranquiçadas e pólipos. Entretanto, 20% dos pacientes têm avaliação endoscópica normal.
Muitas questões ainda precisam ser elucidadas, como o que causa a EE, o que determina a extensão do comprometimento gastrointestinal e o tempo para resolução. Existem evidências de associação com atopia, 75% a 80% dos pacientes com EE são sensibilizados a aeroalérgenos ou a alérgenos alimentares, além de caráter familiar e aumento da expressão do gene eotaxina-3.  Nesta série de pacientes o acompanhamento prolongado evidenciou que é alta a taxa de recidiva e o quanto é importante a investigação da extensão do comprometimento de outras porções do trato GI.  

Dra. Loreni C. S. Kovalhuk
Médica Alergista e Imunologista com Título pela ASBAI
Mestre em Pediatria – UFPR