Urticária Induzida pelo frio: Achados Clínicos e Atualização no Diagnóstico e Tratamento

Acquired cold urticaria: clinical picture and
Update on diagnosis and treatment
Siebenhaar F, Weller K, Magerl M, Altrichter S, Vieira dos Santos R, Maurer M; Zuberbier T. Clin Exp Dermatol  2007; 32: 241-5

Urticária Induzida pelo frio: Achados Clínicos e Atualização no Diagnóstico e Tratamento

Clínica e Epidemiologia – Urticária induzida pelo frio é uma causa freqüente de urticária física caracterizada pelo desenvolvimento de pápulas eritematosas e/ ou angioedema causado pela liberação de mediadores pró-inflamatórios dos mastócitos como histamina e leucotrienos após a exposição da pele ao frio.
É a quarta causa mais comum de urticária após urticária crônica, dermografismo ou urticária factícia e urticária colinérgica. 
Os sintomas ocorrem tipicamente minutos após o contato com o ar, líquidos e objetos frios. Os sintomas de urticária induzida pelo frio são geralmente limitados às áreas da pele expostas ao frio, mas o contato com o frio intenso pode resultar em urticárias generalizadas e /ou sintomas sistêmicos como cefaléia, dispnéia, hipotensão e perda da consciência, que frequentemente resulta do contato extensivo durante a exposição com a água. Apresentam risco de óbito se mergulharem em águas geladas e de sufocação pelo angioedema de laringe após consumirem comidas ou bebidas geladas.
Frequentemente afeta adultos jovens. A duração da doença é de 4-5 anos, com remissão ou pelo menos melhora dos sintomas em 50% dos pacientes em 5 anos. Mulheres são afetadas duas vezes mais que os homens. A incidência tem sido estimada em 0,05%. A frequência tem variado em 5,2 e 33,8% dependendo do estudo e da região geográfica, com maiores incidências em locais de clima frio.

Diagnóstico Diferencial – Pode ser distinguida dos outros tipos de urticária pela história cuidadosa e pelos testes diagnósticos específicos. Classicamente é dividida em primária e secundária. Há subtipos raros de urticária ao frio, incluindo duas síndromes hereditárias familiar: Urticária ao frio tardia e Síndrome auto-inflamatória ao frio familiar (FCAS).

Etiologia – A causa e os mecanismos envolvidos ainda permanecem incertos. Tem sido relatada associação com infecções virais como hepatite, mononucleose, borreliose e HIV, assim como Helicobacter pylori, Toxoplamose aguda e outras infecções parasitárias. Infecções do trato respiratório alto, dentária e do trato urogenital podem estar associadas com urticária ao frio. Isto explicaria a boa resposta ocasionalmente destes pacientes a antibioticoterapia.
Níveis elevados de IgE são descritos em 70% dos pacientes e alguns estudos descerevem altas incidências de atopia. Adicionalmente, a prevalência de anticorpos IgG e IgM anti IgE tem sido descritos em pacientes com urticária ao frio. Associação com doenças hematológicas, e neoplásicas foram relatados em poucos casos.

Diagnóstico – A primeira parte do diagnóstico é a confirmação através do teste de provocação com o frio. Um teste positivo imediato com a estimulação com a presença de urticária no local estimulado confirma o diagnóstico. A técnica mais comum é a aplicação de cubos de gelo na pele por 15 minutos.

 

Tratamento – Geral: evitar o frio previne sintomas; roupas adequadas evitando perigosas exposições ao frio; umidificar e hidratar a pele; mergulhar em águas com temperaturas adequadas. Tratamento Sintomático: Antihistamínicos, medicação de emergência nos pacientes com urticária grave com risco de angioedema. Terapia Curativa – em alguns pacientes antibióticos são indicados. Ocasionalmente, pacientes com urticária tem demonstrado benefícios mesmo se nenhuma infecção detectada.

Resumo realizado pela Aprimoranda da Unidade de Alergia e Imunologia – Depto de Pediatria – FMUSP: Dra. Flavia Rabelo Frayha de Souza
Orientação: Dr. Antonio Carlos Pastorino