Revisão de 54 pacientes com Síndrome de DiGeorge

2007 Feb 6;

Review of 54 patients with complete DiGeorge anomaly enrolled in protocols for thymus transplantation: outcome of 44 consecutive transplants.

Autores: Markert ML, Devlin BH, Alexieff MJ, Li J, McCarthy EA, Gupton SE, Chinn IK, Hale LP, Kepler TB, He M, Sarzotti M, Skinner MA, Rice HE, Hoehner JC.

Periódico:  Blood. 2007 Feb 6; [Epub ahead of print]

Abstract:
The purpose of this study was to characterize a large group of infants with complete DiGeorge anomaly and to evaluate the ability of thymus transplantation to reconstitute immune function in these infants. DiGeorge anomaly is characterized by varying defects of the heart, thymus, and parathyroid glands. Complete DiGeorge anomaly refers to the subgroup that is athymic (<1%). The characteristics of 54 subjects at presentation and results from 44 consecutive thymus transplants are reported. Remarkably, only 52% had 22q11 hemizygosity and only 57% had congenital heart disease requiring surgery. Thirty one percent developed an atypical phenotype with rash and lymphadenopathy. To date, 33 of 44 transplanted subjects survive (75%) with post transplantation follow up as long as 13 years. All deaths occurred within 12 months of transplantation. All 25 subjects who were tested one year post-transplantation had developed polyclonal T cell repertoires and proliferative responses to mitogens. Adverse events developing post-transplantation included hypothyroidism in five subjects and enteritis in one subject. In summary, diagnosis of complete DiGeorge anomaly is challenging because of the variability of presentation. Thymus transplantation was well tolerated and resulted in stable immunoreconstitution in these infants.

Revisão de 54 pacientes com Síndrome de DiGeorge completa inscritos no protocolo de transplante de timo: Resultado de 44 transplantes consecutivos.

O objetivo deste estudo foi caracterizar um grande grupo de lactentes com Síndrome de DiGeorge (SDG) e avaliar a capacidade  de reconstituição da função imune com o transplante de timo. A SDG manifesta-se clinicamente por defeitos variáveis no coração, timo e glândulas paratiróides. A SDG completa se refere a um subgrupo de pacientes atímicos (<1%). As características dos 54 pacientes e os resultados dos 44 transplantes são descritos neste trabalho. Interessante que apenas 52%  tinham a deleção  22q11 e  apenas 57%  apresentavam cardiopatia congênita com necessidade de correção cirúrgica. Trinta e um por cento desenvolveram fenótipo atípico com rash e linfadenopatia. Até a data da publicação, 33 dos 44 transplantados  (75%) tinham sobrevivido após um  seguimento  de 13 anos.Todos os óbitos ocorreram 12 meses após o transplante. Os 25 participantes testados um ano após o transplante, desenvolveram clones de células T e resposta proliferativa a mitógenos. Os eventos adversos pós-transplante incluíram hipotireoidismo e enterite. Em resumo, o diagnóstico da SDG é um desafio, devido sua variabilidade na apresentação clínica. O transplante tímico foi bem tolerado e resultou  na reconstituição imune destes pacientes.

Comentários:
Há três aspectos interessantes a serem comentados:
Primeiro, os autores a enfatizam a dificuldade de se diagnosticar a SDG devido a sua variabilidade clínica. No entanto sabe-se que a SDG manifesta-se principalmente com alterações cardíacas, de glândulas paratiroideas e de função tímica. Estes fatores devem ser levados em conta ao se deparar com crianças com cardiopatia congênita, com o intuito de proceder uma investigação sobre os demais órgãos possivelmente afetados na SDG.
Segundo, em contrário ao que é descrito na literatura, o número de pacientes com deleção 22 qq11  e defeitos cardíacos foi em torno de 50% , percentual bem abaixo daquele descrito nos trabalhos que correlacionam a SDG com defeitos genéticos e cardíacos, que chega a 90%.
Por último, vemos que o transplante de timo encontra-se com uma boa alternativa no tratamento dos pacientes com SDG completa devido ao percentual de sobreviventes, sua eficácia na reconstituição imune e no reduzido número de eventos adversos nos sobreviventes.  

Karina Mescouto de Melo
Pós-graduanda Disciplina de Alergia,
Imunologia Clínica e Reumatologia
Depto Pediatria – UNIFESP-EPM